PREVENÇÃO DA HIPOTERMIA ATRAVÉS DO
AQUECIMENTO DE CRISTALÓIDES
Liga de Emergência e Trauma

Faculdade de Ciências Médicas da UNIFENAS
Hospital Universitário Alzira Velano

Resumo:

Introdução: Choques hipovolêmicos resultam de brusca redução do volume sangüíneo e podem ser provocados por perda de sangue (hemorragias), de plasma ou de água orgânica. Com início da disfunção hemodinâmica no choque, os mecanismos compensatórios homeostáticos tentam manter a perfusão tissular efetiva, e muitas das manifestações do choque constituem na tentativa do organismo de corrigir as alterações. A maioria dos mecanismos compensatórios dependem de diferentes mecanismos sensores, projetados para reconhecer o desequilíbrio hemodinâmico ou metabólico. Os mecanismos sensores consistem em receptores de pressão localizados no sistema cardiovascular e rim, bem como quimiorreceptores sensíveis às concentrações de oxigênio ou de dióxido de carbono, localizados no sistema nervoso central (principalmente no bulbo). As respostas circulatórias precoces à perda sanguínea constituem-se em mecanismo de compensação e dependem da progressiva vasoconstrição da circulação cutânea, muscular e visceral para preservar o fluxo sangüíneo aos rins, ao coração e ao cérebro. Quando ocorre em traumatismo, a resposta à perda aguda de volume circundante dá-se através de um aumento da freqüência cardíaca na tentativa de preservar o débito cardíaco. A hipovolemia geralmente se acompanha de vasoconstrição periférica e sistêmica, hipoxia isquêmica, baixa do retorno venoso e do rendimento cardíaco e certo grau de shuntagem, devido à tentativa de compensação neuroendócrina através de catecolaminas. Dentro de limites, os mecanismos de compensação preservam o retorno venoso nas fases iniciais do choque hemorrágico, pela redistribuição do volume sangüíneo no sistema venoso, fato este que não contribuem para modificar a pressão venosa sistêmica média. Este mecanismo de compensação é limitado. A maneira mais efetiva de restaurar o débito cardíaco e a perfusão a órgãos chave é o restabelecimento do retorno venoso ao normal, através da reposição volêmica. Na reanimação inicial são utilizadas soluções isotônicas. Esse tipo de liquido promove a expansão intravascular transitória e contribui para a estabilização do volume vascular através da reposição das perdas que ocorrem para o interstício e para o compartimento intracelular. A solução de Ringer lactato é a escolha inicial. A solução salina fisiológica é a segunda escolha. A hipotermia deve ser sempre evitada e deve ser corrigida quando o doente chega hipotérmico ao hospital. A maneira mais eficiente e fácil de prevenir hipotermia em qualquer doente que receba volume maciço de cristalóide é o aquecimento do liquido a 39ºC (102,2ºF) antes de usá-lo. Isso pode ser conseguido armazenando os cristalóides em estufa aquecida ou pelo uso de um forno de microondas.

Objetivo: A obtenção do menor tempo possível do aquecimento de cristalóides a 39ºC para que se evite a hipotermia na reposição volêmica.

Materiais e Métodos: Termômetro Químico para o laboratório, escala interna, apilar prismático transp. 7-8mm, imersão total. Temperatura -10+210: 1ºC. Enchimento Hg. Termômetro Digital MT-47. Temperatura +34,5+42,5: 0,01ºC. Soro fisiológico 0,9%. Cloreto de Sódio. JP Indústria Farmacêutica S.A. Embalagens de 250, 500 e 1000 mL. Ringer com Lactato de Sódio. Cloreto de Sódio, Cloreto de Potássio, Cloreto de Cálcio e Lactato de Sódio. JP Indústria Farmacêutica S.A. Embalagens de 250 e 500 mL. Aparelho de forno de microondas, potência útil: 800W; consumo: 1.400W; freqüência de operação: 2.450 MHz; capacidade interna:20L; tensão de alimentação: 120 Volts.

Resultados e Discussão: Através do aquecimento dos cristalóides, a partir de uma temperatura ambiente de 25ºC (77ºF), em forno de microondas observou-se o menor tempo necessário para a obtenção da temperatura ideal de infusão (39 ºC ou 102,2ºF). Os resultados foram avaliados através dos valores obtidos pelo termômetro analógico e corroborados pelo digital.

Soro Fisiológico 0,9%
Riger Lactato
250 ml
~31 segundos
~27 segundos
500 ml
~52 segundos
~47 segundos
1.000 ml
~101 segundos
-

Conclusão: A partir dos resultados obtidos pode se sugerir o menor tempo necessário de aquecimento em forno de microondas, para que soluções cristalóides atinjam a temperatura de 39ºC (102,2ºF). Estes valores têm grande importância em Salas de Emergência e Unidades de Terapia Intensiva, que necessitam de um rápido e eficaz atendimento ao paciente.


Participantes:
Rafael Mezzalira Ruano
Bruna Medeiros Moraes
Renan Vinícius Pinheiro
Rafaela Corte Denardi
Roberta Dalla Bernardina
Thiago Bittencourt Hassegawa
Thiago Bitterncourt Ottoni Carvalho
Otávio Batista Lima
Douglas Bueno Silva